CORDELISTA ENCANTADO
O estalo pode acontecer a qualquer momento, basta surgir uma boa história. E que seja ali mesmo, na mesa de audiência: pelo inusitado do pedido, do contraditório inconsequente ou, ainda, da postura folclórica do réu.
Não parece fácil transformar episódios do cotidiano em textos criativos, com pitadas de elementos do mundo jurídico. Mas o juiz federal Marcos Mairton tira isso de letra. Da comarca de Quixadá, no interior cearense, produz relatos divertidos da experiência forense por meio de contos narrados em verso, os cordéis. Uma paixão.
Arte especial, inconfundível. “Uma das diferenças entre o cordelista e o repentista é que enquanto o repentista faz os versos na hora, de repente, conforme o tema do qual é incumbido pela platéia ou pelo patrocinador, o cordelista faz os seus versos em prazo maior, reservadamente, e depois os apresenta. Daí ser chamado também de poeta de gabinete”, explica Mairton, mestre em Direito Público pela Universidade Federal do Ceará.